Madame Democracia e suas inúmeras maquiagens

Resolvi não mais comentar o que postarei no futuro.Ontem disse que escreveria sobre um princípio,mas,quando acordei,senti-me impelido a mudar de assunto.
Ontem falei que eu era ateu,e,logo depois de falar do comunismo,citei ideias sobre o desigualdade social e reforma agrária.Se você leu e achou que eu era um comunista,parabéns!A Guerra Fria ainda influencia sua maneira de interpretar.

Bem, deixando isso um pouco de lado, resolvi falar hoje sobre política e sistemas de dominacão na nossa sociedade.Li um artigo de um professor da Unicamp,falando sobre a sociedade brasileira, e sinto-me tentado a reescreve-lo aqui: "sociedade fundada na dominacão pratrimonialista de fundo estamental,pirâmede de ascencão previamente bloqueada para os despossuídos de todos os tempos,pendularmente oscilantes no trapézio da precariedade social sem cidadania e sem nenhuma perspectiva de classe à vista...um mal de raíz na formacão histórico-social brasileira.".

No Brasil o capitalismo assume uma forma totalmente diferente da prevista pelos seus fundadores, mas já exposta inúmeras vezes por seus mais árduos críticos.Manifesta-se aqui a juncão desavergonhada da máquina estatal com o capital privado,onde a primeira não gera a livre concorrência, ou mesmo condicoes para que todos possam atingir o poder.O Estado,em vez disso,gera o poder pronto e o capital líquido.Essa situacão vem garantindo por séculos a hereditariedade do poder e a imobilidade social da populacao.

A única mudanca notável por qual se passou o Brasil foi o fato de, ao longo dos anos, esse aparato de dominacao ter mudado sua maquiagem,mas sem nunca ter mudado a sua verdadeira essência.Maquiagem que encobre a autoreproducão de velhos mecanismos e de instituicões anacrônicas.E nisso me refiro ao paternalismo,o populismo,a construcao de obras faraonicas - que tanto agradam ao povo,como liquidam com seu capital.

Os que aqui mandaram,ainda mandam.O poder continua nas mãos dos mesmo.E a parcela excluída continua na, interminável e inatingível, luta pela ascencão.Não adianta APENAS a tentativa individual,precisamos de uma nova geracao de líderes que,somente unidos pelo mesmo ideal,alcancarão um sistema mais justo de democracia.

Em minha curta e simplista análise,ou seja,uma análise baseada em minha pequena experiência de vida,notei um grande problema da geracao jovem brasileira.Muita informacao,porém pequena aplicabilidade.Somos a geracao da hiper-informacão,como também a geracao da indiferenca.Sabemos de tudo um pouco,mas nao sabemos o suficiente de nada.Falamos em corrupcão,em mudanca, mas, quando saímos da teoria para a prática,heis o desastre.Nota-se que muitos são contra a corrupcão e a favor da mudanca,porém, quando aplicadas a vida real,as opiniões e os conceitos se invertem.

A ética é bonita na teoria, mas, quando partimos para a prática, é assustadora, impraticável.Esse, hoje, é o grande obstáculo que enfrentamos.Antes de podermos exigir transformacões na nossa política,no nosso sistema, temos que aplica-las em nosso cotidiano.Só então poderemos cobrar incessantemente nossos direitos, colocarmos um fim nessa máquina opressora e,praticamente, inatingível.