quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Bem hoje uma de minhas professoras me inspirou a escrever uma critica a uma visão que considero no mínimo estranha...entao escrevi.E aqui estou postando, espero que voces achem a analise coerente e a critica plausivel.Um beijo a todos, Felipe Rodrigues.


O terno e a sua desimportância



Fundação Getúlio Vargas, temperatura perto dos 35º C, ar-condicionado desligado, alunos derretendo.Professora começa a falar sobre o trabalho final, explicando detalhe por detalhe à turma do 1º semestre o que é esperado de um trabalho desse porte. Não foi difícil, mesmo com todo o barulho e o clima massante, perceber a incoerência que nos estava sendo exigida: ao apresentar o trabalho, utilizar traje formal. Caso contrario, acarretará perda de nota.Essa exigência, mesmo parecendo insignificante para alguns, merece ser questionada. Será que o vestuário realmente reflete a qualidade de um trabalho/pessoa? E de onde surgiu essa necessidade e isso é adequada ao nosso contexto?

O nosso instinto, à priori, é dizer que o traje formal é sim adequado a situação, afinal estamos em uma escola superior que visa formar administradores de grandes empresas, economistas importantes e advogados ilustres. Se pararmos para analisar a questão de maneira mais profunda, porém, nota-se que ao adotar essas vestes, alem de estarmos dando continuidade à um padrão-modelo mal pensado, a faculdade esta indo contra alguns ensinamentos passados em sala de aula.
Primeiro o terno, ao que tudo indica, tem sua origem na França. O seu antecessor, por ser caro e de difícil confecção, era usado por nobres e pelo rei para indicar status social.Com o fim das monarquias, a burguesia, a nova classe em ascensão, com o intuito de reafirmar sua posição, passa a imitar o que costumava ser o vestuário nobre.Sem questionar a lógica disso tudo, o homem foi transmitindo essa tradição e esse simbolismo ao longo dos séculos e expandido-os à outros países.
Bem, o terno chegou ao Brasil e, à essa tradição, damos continuidade.Acho propício perguntarmos, então, qual a lógica de usarmos um terno?O Brasil é um país tropical, onde o terno, alem de perder uma de suas poucas e possíveis funções(sanar o frio), ganha uma enorme desvantagem prática: potencializar o calor. Logo, sobra ao terno o seu simbolismo. Por ser caro, talvez, de^ a idéia de pessoa bem sucedida/bem qualificada. Idéia um tanto equivocada, afinal, quantas pessoas tem^ muito dinheiro, mas no entanto são fúteis e/ou desocupadas?
Infelizmente, em alguns ambientes ainda não houve esse tipo de reflexão. E para nosso azar, a maior parte do ambiente de negócios ainda usa como critério para analise do um individuo o fator roupa formal.Como não sabemos com quem estamos lidando, somos obrigados à – contradizendo a razão – utilizar tais trajes.


No ambiente universitario, porém, os professores deveriam esclarecer esses tipos de heranças culturais ilógicas e desencoraja-los. É valido pensar que - enquanto discutimos em varias matérias questões ambientais, temos palestras sobre sustentabilidade, desenvolvemos projetos sobre responsabilidade social - também incentivamos o uso do terno, que fatalmente obriga um aumento na demanda pela compra/uso dos ar-condicionados.Enquanto buscamos alternativas para reduzir a degeneração do meio ambiente, criamos falsas necessidades que, alem de não trazerem benefícios práticos, geram um aumento no consumo de energia.Ha uma contradição explicita entre nossas idéias e nossas acoes.
Se a abolição do traje formal parece uma proposta utópica para alguns, cite-mos algumas empresas bem sucedidas que ja’ o fizeram : Citigroup, Time Warner, McKinsey, Google, Cadburry(produtos:Trident, Halls, Bubbaloo, etc), o banco americano Chase Manhattan, etc. Essa situação nos remete as perguntas iniciais,e talvez nos forneça as respostas. Se grandes empresas dispensaram os trajes formais, e não voltaram atrás na escolha, so’ pode significar que o abandono desses trajes não pioraram o desempenho da empresa, nem diminuíram a qualidade de seus serviços, mas, em alguns casos, ainda aprimoraram o seu desempenho, logo não faz sentido algum usa-los.
Se grandes empresas adotaram essa situação, não deviam nossos professores estarem estimulando-nos a fazermos o mesmo?Porque partir do pressuposto que um aluno vestido com roupas mais caras e quentes, fará uma apresentação melhor do que vestido com roupas confortáveis e adequadas ao nosso clima?A verdade é que isso é feito sem muita reflexão, é um costume que alguns interpretam como verdade absoluta.Como pessoas bem sucedidas se vestem assim, alguns observadores crêem que vestindo-se assim também serão bem-sucedidos, o que é um equivoco.
Em suma, creio que, seguindo essa linha de raciocínio, adotar o uso do terno em um país tropical é, de certa forma, irracional, e que merece ser repensada. Essa herança, deve ser questionada e desencorajada - principalmente em nossa faculdade. A reformulação recente do curso visa o aumento da criatividade,interação e participação dos alunos, então, parece-me,que deveríamos aproveitar o momento, propício, para reformularmos os pensamentos sobre a importância do vestuário, passando a focar em coisas mais relevantes para o crescimento da entidade como conteúdo e desempenho dos alunos.

Um comentário:

  1. A FGV precisava de um revolucionario pra mudar a estrutura conservadora existente.
    HAHAHA

    Abraço Flapones

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